Coletivo Literario Confraria dos Loucos ...

A Confraria dos Loucos é um Coletivo Literário que tem a música, a poesia e o protesto como busca emacipatória do silêncio e da alienação, impostos pelo "sistema" ... As opiniões expressas pelos autores são de responsabilidade dos mesmos, o Coletivo é um canal democrático e incitador de discussões e reflexões...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sambando de Lado

Ao passo em que toca a música
consigo iluminar também minhas idéias
sinto as idéias e vejo melhor o som
O som que ecoa aos meus sentidos

É o fluxo harmonizado dos meus
pensamentos, que dançam como se
fossem orquestrados por 4 pessoas
sábias

Transcender suicídas
Lenhas obscuras
que inovam nuvens metálicas
na caçamba é jogada

Pra lá e pra cá
de um lado pro outro
num samba de terreiro
ao som de um repente moderno

Coletivo Literário Confraria dos Loucos ...

Lápide

Morri tantas vezes
quantos renascimentos
me permitiram

De enfarto, atropelado
de bomba de Napalm
em guerra alheia

de tiro de polícia
[em manifestação comunista

Morri uma vez de hemorragia
outra de queda do
sétimo andar

De amor umas três ou quatro
De dor, duas

Envenenado com arsênico
ou ódio
de espera
febre tifóide
acidente de carro

Morri tantas vezes
quanto seu sorriso
permitiu

pacificamente
adormecido
na
minha
memória

Gustavo

sábado, 17 de abril de 2010

¿La Libertad, lo que es eso?

¿La libertad es lo que muchos van a buscar,
pero lo que es la libertad para ellos?
¡En el mundo de la globalización la libertad
se ha tornado mas una mercaduría! Quien
tiene la plata puede cómprala.
La gran preocupación de muchas personas en
el capitalismo esta acerca de como la puede
cómprala. Piensas que con el dinero se puede
comprar a todo y Tudo.
En la constituición de los EE.UU. hay un
articulo que habla acerca de la libertad para El
pueblo estadounidense y solo que ellos
pueden tener es la desigualdad y la miseria.

L.F.

sábado, 10 de abril de 2010

Na Contra-Mão da MPB

Existe um crivo, uma imposição, quando se fala de música e cultura em nossa sociedade. Esse crivo é um tanto quanto falacioso, e se encontra sob a sigla MPB (Música Popular Brasileira). "(...) a MPB se tornou um produto estético capaz de atender ao paladar mais discriminativo da 'intelligentsia' de hoje".
Não é de hoje que essa relação de poder - se entendemos que existe uma supremacia cultural entre MPB e o que é realmente popular em termos musicais - tem sido alvo de sucessivas desconstruções. O cantor e compositor baiano Raul Seixas, em 1974 cantou o seguinte verso em clara resposta ao movimento troplicália:
Eu já lhe disse que eu não tenho nada a ver
Com a linha evolutiva da música popular brasileira
A única linha que eu conheço
É a linha de empinar uma certa bandeira
Hoje, o mesmo Raul Seixas faz parte desse aperitivo para paladares refinados. Isso porque, segundo muitos teóricos de mesa de bar, o período pós ditadura militar não oferece nada para uma manifestação politizada através da música.
No entanto, este fenômeno é acompanhado por um outro bem característico: a falência do instrumento. No Brasil, o funk carioca é talvez o maior exemplo desses dois fenômenos.
Longe de tentar formular aqui uma critica a esse ritmo musical, creio que é necessário entendê-lo como uma manifestação social. Logo, as críticas a essa manifestação ocultam os preconceitos que marcam ainda, de forma tao severa, a nossa sociedade desde a sua formação até os dias de hoje.
O funk, com sua batida eletrônica e sua letra direta, vem confrontar-se à velha moral católica e cristã... Oferece o grito de liberdade aos que vivem sob um regime de exclusão social. Essa primeira análise é sedutora, mas será que podemos encontrar algo mais, revirando esse apanhado teórico que já virou lugar comum? Qual a genealogia desse ideal de liberdade amoral? O discurso "funkeiro", com sua bandeira de "violência" e "sexo sem compromisso" não faria parte da mesma rede histórica daquilo que denuncia a e chama de repressão, ou seja, a moral católico-cristã que mantém o monopólio do sexo imaculado dentro das representações do casamento, e a violência poilicial, que tão facilmente podemos remontar ao tempo dos senhores coloniais.
Essas questões são inteiramente pertinentes para entedermos de forma mais abrangente o fenômeno funk, e reconhecermos as relações de poder quando tal assunto é abordado na mídia, nos apartamentos da classe média alta, ou nos barracos das comunidades mais pobres.
Referências:
  • Música e Democracia; Paes, José Paulo, in Cultura Brasileira - Temas e Situações, Alfredo Bosi (org.), Ed Ática, São Paulo 4ª Ed, 2003 - Série Fundamentos.
  • As Aventuras de Raul Seixas Na Cidade De Thor, 1974, Disco Gita

Adriano José