Coletivo Literario Confraria dos Loucos ...

A Confraria dos Loucos é um Coletivo Literário que tem a música, a poesia e o protesto como busca emacipatória do silêncio e da alienação, impostos pelo "sistema" ... As opiniões expressas pelos autores são de responsabilidade dos mesmos, o Coletivo é um canal democrático e incitador de discussões e reflexões...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

EM QUALQUER LUGAR!

No morro;
Na praia;
Na lua;
Na praça;
À rua;
Por todo canto onde se sente o chão
cantar
O batuque continua
E do outro lado do plano,
Escuto uma batucada,
Vibração convidativa,
Neste vão de madrugada.
Com a saudade no pandeiro,
E o ódio no atabaque,
Percutindo alegria na alma,
Deixando tristeza bailar.
As perturbações ficam suspensas,
E a paz chega e samba sem pedir
licença
Desabrigo do desespero
Onde ate as aflições se harmonizam
no compasso,
No cortejo da vida
Que apesar das mazelas
Insiste em dançar
Então sempre que estou aflito,
Eu vou pro samba, e fico por lá.


Laoiz

sábado, 8 de maio de 2010

PORTA GIRATÓRIA

Numa das mais triviais experiências enfrentadas por negros, alguns desses negros, mais que acostumados perdem suas vidas. Sem querer continuar o chavão de polícia racista e filha da puta, ou de que o treinamento dos queridos guardas é errôneo, apenas gostaria de entender porque um negro ao não querer passar na porta giratória, por conta de um marca-passo, acaba tomando um tiro a queima roupa. Não sei se coincidência, não vou julgar o contrário, mas realmente queria entender porque toda vez somos parados, afinal, no nosso belo país miscigenado não existe racismo, no nosso belo país onde existe uma democracia racial, são os sensores que apitam ao perceber um metal, e não um botão que fica na mão dos guardas que protegem o dinheiro, que afinal todos nós temos acesso.

Bom neste país lindo de matas verdes, um negro, e apenas um negro, morreu nessa semana. E este negro deve ter morrido por desacato, ou por tentar assaltar um banco portando contas a pagar e marca-passo no peito...Fico imaginando a cena “ passa esse malote se não te jogo minha conta de água na sua cara”...

Não é engraçado esse tipo de situação que muito me incomoda. No mesmo dia em que recebi a notícia desta morte, notícia que simplesmente ignorou o fato da vítima ser afro descendente como vem ignorando todo o racismo que é sim presente nesse país, fui ao banco, como um bom cidadão que corriqueiramente paga suas contas, nem sempre em dia, e pude comprovar a uma amiga que todas as vezes sou parado. Primeiro tentei entrar com a mochila, pois os guarda-troços de uma Agencia do Banco do Brasil eram muito pequenos. Me deparei com um “pipipi” desgraçado e com uma moça com voz bem melosa e educada dizendo” por favor, deposite os materiais de ferro na bláblá...”. Dessa vez não me estressei, mas joguei a mala no guarda-troço e propositalmente mantive as chaves e celular no bolso, a fim de mostrar a essa amiga que eram botões e não sensores. Depois de repetidas vezes e uma cara de insatisfação, e depois de toda humilhação, eu simplesmente entrei, e logo que entrei tirei as chaves do bolso, para que os guardas do tesouro não duvidassem de minha inteligência.

Eu já estou acostumado, e isso é um erro, com todas essas demonstrações racistas que me param no banco, e que matam pessoas comuns. Estou acostumado com uma mídia que esconde e mente e com os livros de história que falam de democracia racial, e de igualdade nas belas matas verdes que só tem cinza por toda parte.

Acostumado por que tenho que seguir minha vida, mas sigo essa vida com muita insatisfação com a classe dominante que não entende que esses atos fomentam reflexos violentos. Que não entende que cada morte de pessoas simples aumenta surpreendentemente o ódio de quem é dominado por quem domina.

O treinamento desses guardas, como estão sendo feitos, por quem está sendo feito. Vale tanto o tesouro da nação a ponto de atirar num inocente? O assassino além da farda, o que tinha de diferente , além do treinamento que diz “Negro é suspeito”, da vítima?

Tim